O pinhão na culinária

“Um compêndio com 100 receitas de pinhão, doces e salgadas, testadas e avaliadas quanto ao seu valor calórico e aceitabilidade”. Eis um bom resumo do conteúdo do livro O pinhão na culinária, publicação da Embrapa que acaba de ganhar sua terceira impressão. Lançada originalmente em 2013, a obra foi uma das finalistas do Gourmand World Cookbook Awards 2015, considerado o Oscar da literatura gastronômica mundial. A nova impressão foi feita para atender à demanda pela publicação.

Editado pela Embrapa Florestas (PR), e publicado pela Embrapa Informação Tecnológica, o livro é o resultado de um trabalho que envolveu ciência e prática culinária, incluindo a preparação e o teste de cada uma das receitas. A publicação tem como autoras as pesquisadoras da Embrapa Rossana Catie Bueno de Godoy e Cristiane Helm, as nutricionistas Maria de Fátima de Oliveira Negre e Geisa Liandra de Andrade de Siqueira, da Escola Estadual Júlia Wanderley, de Curitiba (PR), e a técnica em nutrição e dietética Lídia Maria Mendes, da mesma instituição de ensino. A diagramação da obra contou com a parceria do Centro Universitário UniBrasil.

Iguaria tipicamente brasileira, o pinhão é a semente da pinha, ou seja, o fruto da araucária (Auracaria angustifólia), espécie arbórea conhecida entre outros nomes, como pinheiro-do-paraná, pinha, pinheiro-brasileiro ou ainda por suas denominações indígenas curil, curi ou curiúva. Essa espécie vegetal é encontrada na América do Sul, com ocorrência na Argentina, Paraguai e no Brasil a partir da região Sudeste onde é encontrado entre os meses de março a agosto.

Além de dicas culinárias, o livro traz informações sobre o valor nutricional do pinhão. As 100 receitas, separadas entre doces e salgadas, são apresentadas com fotos dos pratos finalizados, a indicação dos ingredientes, modo e tempo de preparo, rendimento e calorias por porção.

 

Fonte: Embrapa. Disponível em: <https://www.embrapa.br/informacao-tecnologica/busca-de-noticias/-/noticia/25140008/o-pinhao-na-culinaria-livro-de-receitas-ganha-nova-impressao> Acessado em julho de 2017.

Publicação estimula o plantio de araucárias

“A araucária é uma espécie única, e cada vez mais descobrimos coisas novas sobre ela. Precisamos valorizá-la, pois está esquecida e essa é a ideia do livro: novos conhecimentos para a araucária voltar a participar do cenário econômico, de forma sustentável”. Com esta afirmação, o pesquisador Ivar Wendling, da Embrapa Florestas, resume o objetivo do livro “Araucária: particularidades, propagação e manejo de plantios”, do qual é editor técnico junto com o Professor Flávio Zanette, da Universidade Federal do Paraná. O livro foi lançado no 24/06, Dia Nacional da Araucária, em evento no Auditório do Mercado Municipal de Curitiba.

“A araucária não é peça de museu: tem que ser usada para viver”, corrobora Prof. Zanette. A proposta dos editores técnicos é a conservação da araucária mediante seu uso. Protegida por Lei por estar ameaçada de extinção, existe pouco interesse em seu plantio ou mesmo no manejo das plantas que já existem, uma vez que é muito burocrático o seu uso com fins econômicos. O raciocínio é simples: que produtores rurais e demais interessados sintam-se estimulados a cada vez mais plantar araucária e possam manejá-la, de acordo com critérios técnicos e dentro do permitido pela legislação, que hoje é bastante restritiva.

“Os legisladores precisam entender que a araucária é um bem econômico, social e ambiental do Brasil”, afirma Zanette. Trabalhando há 32 anos com a espécie, o professor explica que o lançamento do livro representa um marco de apresentação à sociedade de técnicas testadas e efetivas para uso sustentável da araucária.

“A equação do pinhão não fecha”, exemplifica Wendling. “É um alimento cada vez mais demandado, com alto potencial para a saúde. Mas as árvores existentes estão ficando velhas e, com isso, produzem cada vez menos pinhão”, alerta. Já houve, inclusive, interesse para exportação, mas não há produção suficiente para esta demanda. A madeira da araucária, também de alta qualidade, poderia ter usos nobres para geração de renda. “Não estamos incentivando o corte das araucárias existentes”, explica Wendling. “Pelo contrário, precisamos preservar o que existe, mas incentivar novos plantios com qualidade técnica”, completa.

Durante o evento de lançamento, autoridades mostraram a importância tanto da espécie quanto das ações conjuntas. O Chefe Geral em exercício da Embrapa Florestas, Sergio Gaiad, ressaltou a importância da união de esforços e instituições em prol da espécie: “isolados fazemos muito pouco, mas precisamos dar subsídios para o aprimoramento da Lei”. A vice Reitora da UFPR, Graciela Bolzón de Muniz, utilizou a metáfora da araucária com os braços abertos para ressaltar a acolhida da pesquisa e das parcerias com a espécie. O Secretário Municipal de Abastecimento, Luiz Gusi, falou sobre a importância do Mercado Municipal para a memória gustativa da cidade e sua relação com a araucária, árvore-símbolo de Curitiba, e a articulação entre setores público, privado e ongs para trabalhar em prol da espécie.

O livro aborda particularidades da araucária, tecnologias de propagação, como a produção de mudas de qualidade, tanto por sementes quanto por enxertia ou estaquia, a formação de pomares de araucárias de pinhão precoce e critérios de manejo de plantios de araucária, com considerações sobre suas aplicações, vantagens e desvantagens, visando contribuir ao desenvolvimento de uma silvicultura sustentável.
A publicação é voltada a técnicos, extensionistas, produtores rurais e estudantes que trabalham com a árvore-símbolo do Paraná, além de autoridades que tratam do assunto. Financiada com recursos do CNPq, a obra tem tiragem impressa limitada, porém, está disponibilizada online clicando aqui.

 

Fonte: Embrapa. Disponível em: <https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/24877680/publicacao-estimula-o-plantio-de-araucarias>  Acessado em Julho de 2017

Dietas atrativas estimulam leitão recém desmamado

Na criação comercial de suínos é comum nos depararmos com baixo consumo de ração na fase pós-desmame, o que compromete a produção de enzimas digestivas e aumenta a incidência de desordens intestinais e diarreias. Para estimular o consumo de alimentos, e manter a integridade da mucosa intestinal, é essencial a adoção de dietas complexas, as quais incluem alimentos de alta palatabilidade e digestibilidade, como lácteos, plasma sanguíneo, farinhas de peixe, etc. Sabendo que o ganho de peso dos leitões na fase de creche está relacionado com o ganho de peso na fase de terminação, e que o consumo de ração nesta fase inicial equivale a 15% do consumo total, podemos entender que uma dieta mais cara na fase pós-desmame não significa desperdício de dinheiro, e sim investimento para o futuro.

Fatores que afetam a ingestão de alimentos em leitões desmamados

Exposição a patógenos: A exposição dos suínos a patógenos (vírus e bactérias) resulta na liberação de moléculas pró-inflamatórias que ativam o sistema imunológico (sistema de defesa do animal). Esta ativação do sistema imune produz alterações nos processos metabólicos, e resulta na redução no consumo de ração, e, consequentemente queda de desempenho.

Idade ao desmame, creep feeding e mistura de leitegadas: O desmame é o momento em que ocorre estresse de diferentes ordens: nutricional (mudança de dieta líquida para dieta sólida), psicológica (mistura entre animais de diferentes ninhadas e separação da mãe) e ambiental (baias com menor controle de temperatura, umidade, etc.). Como consequência, os leitões expressam desempenho menor do que seu potencial genético permitiria expressar.

O manejo estratégico mais comum que ocorre na fase que antecede o desmame é o creep feeding. Esse manejo consiste na oferta de alimentos sólidos de origem animal que apresentam alta digestibilidade, mas também na oferta de ingredientes de origem vegetal, tais como milho e farelo de soja, que estimulam a secreção de ácidos e enzimas no estômago e intestino, e que preparam  o leitão para as fases subsequentes.

Quando se trata de mistura de leitegadas, a resposta deste manejo sobre a ingestão de alimentos ainda é controversa. Algumas pesquisas demonstram uma redução na taxa de crescimento, no consumo de ração e piora na conversão alimentar de leitões expostos a diferentes grupos sociais. No entanto, outros trabalhos mostram que o estresse gerado pela mistura de leitegadas estimula o leitão às disputas de dominância social, e, consequentemente favorece de forma positiva o consumo de ração.

Fatores ambientais: Diante da necessidade de manter a termoneutralidade no período de baixas temperaturas, os animais costumam desenvolver alguns comportamentos inatos de sobrevivência, e se agrupam para reduzir a perda de calor e evitar a hipotermia. Grande parte da energia fornecida via dieta, nessa fase, é usada para manter constante a temperatura corporal, no entanto, quando o consumo de alimentos é baixo essa energia usada para sobrevivência e ganho de peso pode ser insuficiente para atender a demanda do animal. Em contrapartida, altas temperaturas raramente afetam o desempenho de leitões jovens.

Atratividade das dietas

O suíno apresenta dois diferentes comportamentos em relação ao consumo dos alimentos: a preferência inata que é adquirida antes do nascimento através da transmissão de sinais químicos da dieta materna para leitegada por meio do líquido amniótico e um comportamento adquirido que evolui para uma aceitação. Os suínos são capazes de identificar alimentos seguros e nutritivos não somente pela percepção gustativa, mas pela associação das sensações visuais e olfativas. Esta denominação é denominada de percepção alimentar. O olfato representa um dos mais acurados sentidos do suíno, interagindo fortemente  com a gustação, estima-se que os suínos tenham cerca de 1000 genes relacionados à percepção do olfato.

De forma geral, a preferência alimentar dos leitões costuma variar de acordo com a natureza dos macroingredientes da dieta. Alguns ingredientes colocados em menor quantidade nas formulações também podem desempenhar um papel importante na preferência alimentar. Fatores antinutricionais presentes nos produtos de origem vegetal, tais como, lecitina, tanino, inibidores de tripsina e quimotripsina, dentre outros, podem comprometer a palatabilidade da ração final por apresentarem sabor amargo, o qual os suínos apresentam aversão. Neste sentido, a forma de processamento e o tratamento térmico, feitos de forma correta, podem reduzir consideravelmente a atividade da maioria destes compostos indesejáveis.

Quanto aos palatabilizantes artificiais, os resultados de pesquisa ainda são inconsistentes e controversos, uma vez que a replicação dos experimentos nem sempre promovem resultados semelhantes. A adição de edulcorantes em dietas de leitões desmamados já demostrou bons resultados no que tange aumento no consumo diário. O açúcar, o melaço e o glutamato monossódico, quando adicionados às dietas de leitões desmamados também melhoram a palatabilidade e, consequentemente, a ingestão de alimento, enquanto alguns palatabilizantes artificiais produzem sabor “metálico” que geralmente resulta em “fadiga” de sabor em leitões jovens.

A forma física da dieta também influencia no desempenho dos leitões, especialmente naqueles desmamados precocemente. Um grande número de trabalhos evidencia que rações peletizadas proporcionaram melhores resultados de desempenho, principalmente nos primeiros dias pós-desmame. Assim como, as gorduras e os óleos desempenham um papel importante na preferência alimentar relacionada à percepção do gosto pelo leitão. Ácidos orgânicos, isolados ou combinados, também tem demostrado bons resultados na elevação do consumo. Produtos de origem animal, tais como plasma sanguíneo, farinha de sangue, farinha de carne e vísceras, que apresentam baixa palatabilidade para humanos, se mantidos dentro do controle de qualidade podem ser muito bem aceitos por leitões jovens.

Em suma, um dos grandes desafios dos nutricionistas de suínos é entender em profundidade os eventos fisiológicos e biológicos que ocorrem com o leitão no período pós desmame, e não somente encontrar soluções de dietas de alto valor nutricional, mas também de alto consumo. Dietas de alto valor nutricional, mas de baixa atratividade, não são consumidas em quantidades suficientes pelos leitões, e, consequentemente, podem limitar o ganho de peso diário dos animais.

 

Fonte: Embrapa. Disponível: <http://www.cidasc.sc.gov.br/blog/2017/08/05/dietas-atrativas-estimulam-leitao-recem-desmamado/> Acessado em Julho de 2017