Preço do litro do leite chega a R$ 6 em SC

A redução das pastagens por conta da chegada do frio e o reajuste do preço dos insumos – como o milho e farelo de soja – para alimentação das vacas são os vilões do novo aumento do valor do leite em Santa Catarina. Outro reflexo da elevação, segundo o Conselho Paritário Produtores e Indústrias de Leite de Santa Catarina (Conseleite), é que muitos criadores venderam parte do gado leiteiro para o abate por causa da valorização da carne bovina.

Por isso, a entidade anunciou na semana passada novos valores de referência para junho, com aumento de R$ 0,07 a R$ 0,09 centavos (ou 7%) sobre os preços do mês anterior para a indústria. No entanto, o aumento sentido nos mercados é bem maior que essa porcentagem.

Em Blumenau, o preço médio da caixinha é de R$ 3,65, conforme consulta realizada pela reportagem ontem pela manhã – valor 26% maior do que a média duas semanas atrás.

Na Capital, semana passada os preços dispararam e o litro de caixinha já se aproxima dos R$ 4, enquanto custava pouco menos de R$ 3 no começo do ano. Nos mercados de bairro, onde os preços dos produtos são mais altos, a reportagem encontrou o litro de uma marca conhecida a R$ 6,68.

Os derivados do produto, como a manteiga e o requeijão, também subiram. Esse reajuste faz com que as pessoas tenham mais cautela na hora da compra, como o casal Irineu Harbs, de 70 anos, e Lia Harbs, 65, que está atento ao dia de promoção.

– Não dá mais para comprar leite a qualquer momento – afirma a dona de casa.

Os reflexos das dificuldades dos produtores poderão ser sentidos no preço do leite até setembro. É isso que prevê o vice-presidente do Conseleite, Adelar Maximiliano Zimmer. Segundo ele, não há indicativo de melhora na produção, que venha a diminuir o preço no Estado.

– O consumidor vai ter que se acostumar com esse preço, porque daqui para frente é impossível produzir um leite que possa chegar a R$ 2 na prateleira do mercado. A tendência, inclusive, é de alta até agosto e setembro. Deve ser algo gradativo pelos próximos três meses – explica.

Ontem, após reunião entre cooperativas leiteiras do Estado, foi decidido um novo aumento de R$ 0,12 para o mercado. SC é o quinto Estado em produção de leite no Brasil. São 2,8 bilhões de litros produzidos anualmente, por 80 mil trabalhadores – a maioria no Oeste, responsável por 74% da produção.

Para driblar esse aumento em meio à crise econômica há saídas, segundo o economista e professor da Furb, Bruno Tomio. A primeira é a velha pesquisa. Para se ter ideia a diferença de preço entre produtos da mesma marca chega a R$ 0,71 (20%), segundo consulta feita pela reportagem.

– A pessoa vai ter que pegar encartes, comparar e até mesmo procurar os dias específicos em que o produto é mais barato – sugere.

Na pesquisa, também foi notada grande diferença no preço dos populares “saquinhos” para as “caixinhas” de leite. Outra sugestão do economista é trocar o leite por outros itens quando possível.

 

Fonte: http://dc.clicrbs.com.br/

Falta de milho atinge Oeste de Santa Catarina

Falta de milho atinge agroindústrias do Oeste de Santa Catarina

A escassez de milho está se agravando e enquanto algumasagroindústrias adotam férias coletivas para reduzir custos, outras estão até sem ração, como é o caso da Globoaves. Integrados de Lindóia do Sul denunciaram que estão recebendo ração de forma fracionada e que algumas aves começam a morrer.

A Globoaves reconheceu por meio da assessoria de imprensa que o abastecimento estava prejudicado, mas não confirmou a morte de frangos no campo. No entanto, disse que chegou a pedir ração para outras agroindústrias para atender a demanda.

– Não tem milho no Brasil inteiro – chegou a reclamar uma funcionária da empresa, antes de repassar o contato da assessoria.

A empresa já havia dado férias coletivas para 600 funcionários da unidade catarinense no início do mês, como estratégia para reduzir custos. O abate retorna na próxima semana, mas com redução de 50 mil para 40 mil aves/dia. A Aurora Alimentos vai dar férias coletivas para os 1,4 mil funcionários da unidade de Abelardo Luz, metade em julho e metade em agosto.

Isso vai refletir numa redução de 5% na produção de aves. A BRF também reduziu um turno de linguiças frescais em Concórdia, remanejando 100 funcionários. Com a crise econômica, refletindo em perda de poder aquisitivo e desemprego, há uma baixa de consumo ou migração para produtos mais baratos.

O diretor-executivo da Associação Catarinense de Avicultura (Acav) e do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados (Sindicarne), Ricardo Gouvêa explica que o setor vinha alertando os órgãos governamentais de que a escassez do milho poderia comprometer a saúde financeira das agroindústrias, como ocorreu em 2012, quando empresas menores foram absorvidas por maiores. A saca de milho, que estava a R$ 26 no ano passado, passou para R$ 52. Algumas empresas foram buscar milho na Argentina e no Paraguai.

– A Conab teria que ter atuado ofertando milho em época de escassez para fazer cair o preço – reclamou Gouvêa.

Gouvêa espera que a principal matéria-prima de alimentação de aves e suínos tenha uma queda nas próximas semanas, com a entrada da segunda safra do Paraná e Centro-Oeste.

Enquanto isso, as agroindústrias vão dando férias esperando que a situação melhore para não ter que demitir.O setor representa 60 mil empregos diretos em Santa Catarina. O vice-prefeito de Lindóia do Sul, Pedro Bringhenti (PSD), disse que a agroindústria responde por 24% do movimento econômico do município.

O que está segurando o setor são as exportações. Em volumes houve um crescimento de 15,4% em aves e 68% em suínos no primeiro quadrimestre, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal.

 

Fonte: Diário Catarinense