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Boas práticas para a vacinação de bovinos

Por que, como, onde vacinar e dicas para sempre acertar

O Brasil continua despontando como grande fornecedor de proteína animal para o mundo, com ganhos de produtividade no campo. Estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) revelam que, no período de 2000 a 2015, a produção de carne teve incremento de 45%, enquanto o rebanho bovino de corte cresceu 25%.

O aumento nas taxas de exportação de carne bovina foi devido, dentre outros fatores, aos programas de controle epidemiológico para doenças de notificação obrigatória. Dentre as medidas propostas nestes programas, a vacinação sistemática preventiva, seguindo o calendário definido pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), torna o uso de vacinas um manejo rotineiro nas propriedades.

No próximo mês de novembro, 150 milhões de cabeças deverão ser vacinadas, alguns estados de mamando a caducando e outros estados somente animais com mais de 24 meses. Segundo o Diretor Técnico da JBS, Bassem Sami Akl, ainda é frequente encontrarmos problemas na carcaça decorrentes de reação vacinal proveniente de vacinação incorreta ou mal aplicada.

Segundo os dados da JBS, 30% dos animais abatidos apresentam reação vacinal e destes 30%, 50% é proveniente de vacinação em local incorreto ou mal aplicação da vacina.

Mas, vamos entender melhor alguns pontos importantes como: por que vacinar, como e onde vacinar, erros comuns na vacinação e consequências, importância da vacinação correta para o pecuarista, indústria e consumidor final.

Porque vacinar

Segundo Ministério da Agricultura, o Brasil ainda segue na luta contra a febre aftosa em busca de nos tornarmos um país livre da doença.

A Febre Aftosa é uma doença viral altamente contagiosa, é resistente à congelamento e somente se torna inativo em temperaturas superiores à 50°C. A doença traz inúmeras perdas econômicas aos rebanhos pois o vírus é facilmente disseminado, podendo permanecer vivo inclusive na pastagem.

Carne e produtos derivados com pH acima de 6,0 também conservam o vírus. Bovinos vacinados expostos à doença ou infectados e não abatidos conservam o vírus por 30 meses ou mais. A boa notícia é que a Febre Aftosa não representa risco para a saúde humana, não é transmitida pelo consumo de carne e derivados.

Cuidados com a vacina

As vacinas devem ser conservadas de acordo com as instruções do fabricante, por isso, ler o rótulo é sempre importante. As recomendações são de que as vacinas sejam armazenadas em temperatura entre 2 e 6 graus, em geladeiras domésticas e levadas até o local de vacinação em caixas com gelo, para que permaneçam em temperatura adequada durante todo processo de vacinação. Vale ressaltar que o congelamento ou o excesso de calor inutilizam a vacina, tornando-a ineficaz.

transporte das vacinas do fornecedor até a fazenda também deve seguir a regra de manutenção da temperatura entre 2 e 6 graus.

Cuidados na vacinação

A aplicação correta da vacina influencia no resultado e garante a saúde do rebanho. Uma boa resposta vacinal depende da qualidade da vacina, da resposta imune do animal e do processo de vacinação, que deve ser feito corretamente.

Um ponto primordial é adquirir produtos confiáveis (fabricantes idôneos), de alta qualidade, eficácia e segurança. Os pecuaristas devem sempre consultar um médico veterinário.

Não é recomendado vacinar animais doentes, debilitados e estressados (ex.: estresse de transporte e desmame).

O processo de vacinação deve ser conduzido de uma maneira tranquila, de preferência nos horários mais frescos do dia.

De acordo com o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) alguns cuidados são essenciais:

  • A dose a ser aplicada em cada animal deve ser aquela indicada no rótulo da vacina. Uma dosagem menor do que a indicada pelo fabricante não vai oferecer aos animais a proteção desejada;
  • Limpar e desinfetar a seringa e ferver as agulhas antes da aplicação;
  • Manter a pistola dentro da caixa de isopor, quando não estiver em uso;
  • Utilizar agulhas 15×18 para aplicar vacina oleosa (subcutânea) e agulha 20×18 para aplicar vacina oleosa (intramuscular);
  • Agitar o frasco de vacina toda vez que for encher a seringa;
  • Certificar-se de que o conteúdo da seringa contém a dose certa (5 ml) e que não existem bolhas de ar;
  • Aplicar a vacina na tábua do pescoço pela via subcutânea (debaixo da pele) ou intramuscular (dentro do músculo) tendo o cuidado de manter a seringa na posição inclinada, quase em pé, com a agulha apontada para baixo;
  • Anotar os animais vacinados por faixa etária e sexo;
  • Os horários ideais para a aplicação são o início da manhã e o final da tarde.

Como minimizar a reação vacinal

A formação de um pequeno caroço na região onde foi aplicada a vacina contra a febre aftosa é comum e está ligada à resposta imunológica do animal. O animal deve ser bem contido para facilitar o serviço da vacinação e evitar lesões ao aplicador e ao animal.

Com relação às reações indesejáveis da vacina, a mais comum e visível é a formação de um calombo ou caroço no local da aplicação. Esta reação é comum, e, principalmente em animais muito jovens, pode prejudicar a mamada pelo desconforto provocado.

A formação do caroço é uma reação inflamatória e tende a reduzir com o tempo. Esta reação pode se complicar nos casos de aplicações realizadas em condições de higiene inadequadas quando há risco de ocorrem infecções bacterianas secundárias sujeitas ao agravamento pela formação de miíases. Para evitar que isso aconteça basta seguir as recomendações de limpeza do local da aplicação, agulha certa, desinfetada e trocada com frequência.

A intensidade da reação vacinal está ligada a fatores de hipersensibilidade e isso depende de cada indivíduo.

Erros comuns na vacinação

A falta de cuidado no manejo do rebanho e nos procedimentos de vacinação pode implicar no aumento dos níveis de estresse dos animais, promovendo uma resposta negativa de seu sistema imunológico a vacinação, reduzindo a sua eficiência.

vacinação mal realizada também pode resultar em uma série de respostas nos animais tais como: taquicardia, dificuldade na respiração, inflamações no local da aplicação da vacina, gerando abscessos (nódulos), danos teciduais, infecção local ou sistêmica, infecção congênita em vacas prenhas, reação de hipersensibilidade a vacina.

Alguns dos erros mais comuns na vacinação são:

  • Vacinar os animais cansados e estressados;
  • Realizar o processo de vacinação com pressa, com os animais em movimentação extrema;
  • Realizar a vacinação em locais não adequados como: Cupim, Picanha, Lombo, Acém;
  • Não manter as vacinas em temperatura adequada e não utilizar equipamento limpo e adequado, entre outros.

Consequências dos erros de vacinação

De acordo com Bassem, diretor técnico da JBS , de todos animais abatidos na empresa, cerca de 30% apresentam reações vacinais e destes, 50% são abcessosprovenientes de práticas de vacinação incorreta.

Quando a indústria detecta uma lesão é necessário que se faça a remoção da área atingida, porém, como a vacinação é realizada de maneira intramuscular, muitas vezes a reação vacinal não é detectada no abate, outras vezes, nem na desossa, e quem encontrará esta reação é o consumidor final, que terá uma aversão ao produto, pois tem um aspecto extremamente desagradável, denotando um certo descaso.

De acordo com um estudo realizado pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), quando as carcaças afetadas foram submetidas ao toalete foi retirado em média 1,8 e 2,0 kg de músculo da área afetada.

Ainda segundo o estudo conduzido em 2014, o prejuízo econômico da propriedade de origem dos bovinos afetados foi de R$ 20.424,00, considerando o preço pago pela arroba do boi no mês e ano da ocorrência. Esses valores à época seriam suficientes para adquirir 29,17 bezerros desmamados para engorda.

Seguindo as dicas e os passos você garante a imunização do rebanho e evita perdas econômicas em decorrência da retirada de abcessos no abate.





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